Diretora da CSPB palestra em aula aberta sobre experiências de organização e luta de mulheres trabalhadoras
8/05/2025 | 06:06

A Confederação dos Servidores Públicos do Brasil - CSPB marcou presença no debate internacional sobre a organização e a luta das mulheres trabalhadoras na América Latina e Caribe, durante a "Aula Aberta" promovida pela Confederação Latino-Americana e do Caribe de Trabalhadores Estatais - CLATE. O evento, realizado de forma híbrida (presencial e virtual), reuniu lideranças sindicais de diferentes países para compartilhar estratégias de resistência e fortalecimento da participação feminina no movimento trabalhista.
Assista à íntegra do evento pela CSPB TV:
Kátia Cristina Rodrigues da Silva, Diretora de Assuntos da Mulher da CSPB, Secretária de Gênero e Diversidade da CLATE e Presidente do Sispesp, foi uma das palestrantes destacadas. Em sua apresentação a líder sindical destacou os retrocessos e conquistas das mulheres brasileiras nos últimos anos, especialmente no enfrentamento à violência de gênero e na busca por igualdade no mercado de trabalho.
O legado da extrema direita e o aumento da violência
Durante o governo Bolsonaro, a flexibilização na posse de armas e o discurso de ódio agravaram a violência contra as mulheres. "A continuidade de um governo de extrema direita ampliou, por meio de decreto, a facilitação para aquisição de armas. Neste período, cresceu de maneira escandalosa o feminicídio, com a maioria dos casos atingindo mulheres negras e praticados por parentes ou pessoas próximas", denunciou Kátia.
O assassinato de Marielle Franco, em 2018, tornou-se um marco nessa luta. “O crime de Marielle deu grande vitrine a um crime político e de gênero. A partir dessa violência, as entidades sindicais brasileiras ficaram mais atentas à agenda contra a violência de gênero”, afirmou.
Desigualdades Persistentes
Apesar dos avanços alcançados à partir do encerramento do ciclo de governos de extrema direita, as disparidades salariais e raciais ainda persistem no Brasil. “As mulheres negras continuam ganhando, em média, 53% a menos que um homem branco no Brasil”, destacou Kátia.
Conquistas no governo Lula e desafios culturais herdados
Com o retorno de Lula à presidência, novas políticas públicas foram implementadas. "Nós tivemos lutas bem-sucedidas após o encerramento do ciclo de governos de extrema direita, em que pese a polarização política, que ainda perpetua a cultura de ódio herdada do governo Bolsonaro", ressaltou a representante da CSPB.
Entre as recentes vitórias alcançadas, destacam-se:
Lei da Igualdade Salarial: "Aprovamos no Congresso a Lei da Igualdade Salarial, que exige que empresas com mais de 100 funcionários apresentem relatórios de transparência salarial. Quem descumprir pode pagar multa de até 3% da folha salarial".
Lei Nacional de Política de Cuidados: "Garante o direito ao cuidado, reconhecendo esse trabalho como fundamental e promovendo a corresponsabilidade entre Estado, família e setor privado".
Punição mais severa para feminicídio: “A pena para esse crime subiu de 20 para 40 anos de prisão, dobrando a penalidade em casos de violência doméstica ou de gênero”
Formação Sindical
Kátia Rodrigues recomendou que as entidades sindicais da América-latina e Caribe devem investir e ampliar o acesso a cursos de formação sindical para mulheres trabalhadoras. A líder sindical aponta que é imprescindível “assegurar conhecimento técnico para planejar e organizar as lutas que possam transformar a realidade e melhorar a qualidade de vida das nossas companheiras. O empoderamento feminino acontecesse aí, no processo de formação e de acesso ao conhecimento”, afirmou.
Experiências internacionais
O evento contou ainda com as participações de Clarisa Gambera, Secretária de Gênero e Diversidade da ATE (Argentina), Mariana Amartino, advogada trabalhista e membro da ALAL, e Ibis Fernandez, da CITE (Peru) e Secretária de Desenvolvimento Sustentável da CLATE. As debatedoras compartilharam experiências de mobilização, enfrentamento às desigualdades de gênero e estratégias para ampliar a representatividade feminina nos sindicatos.
Experiências como a realização de greves intersindicais e feministas em defesa da vida e da dignidade das mulheres trabalhadoras na Argentina foram citadas como exemplo de ações efetivas que estão provocando transformações importantes da atuação sindical feminina daquele país.
Diploma CLATE: Formação para a ação sindical internacional
A Aula Aberta integra o programa do Diploma Avançado em Sindicalismo Internacional, uma iniciativa da CLATE em parceria com a ALAL e a ACTRAV-OIT. O curso, que já formou centenas de lideranças desde 2024, aborda temas como direito trabalhista, economia política, gênero e diversidade, e geopolítica latino-americana.
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Secom/CSPB