Editorial da CSPB: Em defesa da democracia, contra a ameaça golpista

17/06/2025 | 17:37





A Confederação dos Servidores Públicos do Brasil - CSPB manifesta seu veemente repúdio às declarações do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que, em entrevista à Folha de S.Paulo, expôs sem pudor o projeto autoritário que ainda anima o núcleo duro do bolsonarismo. Suas palavras não são apenas um ataque ao Estado Democrático de Direito, mas uma confissão explícita de que, para essa seita ideológica, as eleições de 2026 não serão uma disputa política legítima, e sim um embate entre a democracia e o golpismo (saiba mais).

O senador afirmou que qualquer candidato apoiado por Jair Bolsonaro deverá assumir dois compromissos inegociáveis: 
 
- 1º conceder indulto ao ex-presidente caso ele esteja preso por crimes contra a democracia;

- 2º desrespeitar decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) se a Corte julgar esse indulto inconstitucional, chegando a mencionar que o governante eleito com o apoio do seu pai não deve descartar nem mesmo o "uso da força" para impor sua vontade.

 

Não há como interpretar isso de outra forma senão como uma ameaça de ruptura institucional, um plano escancarado para subverter a ordem constitucional caso o Judiciário não se curve a seus interesses.

Essa fala revela o desespero de um grupo que, encurralado pelas investigações e condenações, tenta transformar o pleito de 2026 em um instrumento de impunidade e revanchismo. A exigência de que um futuro presidente "atropele" o STF é abertamente golpista e ecoa os mesmos métodos que levaram ao 8 de janeiro de 2023, quando extremistas tentaram derrubar as instituições. Não por acaso, Flávio Bolsonaro tenta disfarçar seu projeto autoritário com falsas bandeiras de "anistia" e "pacificação", como se a solução para os crimes de seu pai fosse a submissão do Judiciário ao poder político.

A CSPB alerta: não há democracia sem respeito às decisões da Justiça, sem independência entre os Poderes e sem o cumprimento irrestrito da Constituição. Aceitar que um candidato prometa ignorar o STF "com uso da força" é normalizar a via do autoritarismo, abrindo as portas para que qualquer governo futuro despreze as leis quando lhe convier. É inadmissível que figuras públicas, em pleno exercício de seus mandatos, defendam abertamente a interferência ilegal entre Poderes como se fosse uma plataforma eleitoral legítima.

Aos servidores públicos, que dedicam suas vidas ao Estado brasileiro, cumpre lembrar: nossa luta é pela legalidade, pelo serviço público forte e por um país onde nenhum governo ou governante estejam acima da lei. Não compactuaremos com aqueles que tratam a democracia como um obstáculo a ser derrubado.

À imprensa, aos partidos e à sociedade civil, a CSPB faz um apelo: não se pode naturalizar o discurso golpista. É preciso exigir de todos os pré-candidatos, especialmente os alinhados ao bolsonarismo, um posicionamento claro: aceitam ou não a imposição de Flávio Bolsonaro? Estão dispostos a violar a Constituição para atender a um projeto de poder familiar?

O Brasil não pode retroceder aos tempos em que a força prevalece sobre o direito. A CSPB seguirá vigilante, defendendo a democracia e repudiando qualquer tentativa de transformar o Estado em refém de um grupo que já demonstrou, mais de uma vez, não ter compromisso com as instituições.

 
Confederação dos Servidores Públicos do Brasil - CSPB
Pela democracia, sempre!


 
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