Editorial CSPB: Crescimento com investimento público é o caminho para defender a democracia
4/06/2025 | 07:33

O Brasil vive um momento econômico singular. Enquanto o mercado financeiro e setores da grande imprensa insistem em narrativas derrotistas, os números mostram uma realidade incontestável: nosso PIB avança a ritmo acelerado - apesar dos juros altos e políticas de contenção de investimentos que freiam nosso potencial - superando potências globais e colocando o país entre as economias que mais crescem no mundo. O primeiro trimestre de 2025 registrou expansão de 1,4%, com destaque para agropecuária (12,2%) e serviços (0,3%), enquanto o desemprego recua e a renda das famílias aumenta (saiba mais).
Mas por que, diante de tantos avanços, o governo ainda enfrenta resistência na aprovação popular? A resposta está na armadilha da austeridade fiscal – uma política fracassada na Europa e que, no Brasil, segue sendo imposta por um tripé conservador: mercado financeiro, Banco Central autônomo e uma mídia que confunde investimento público com "gasto irresponsável".
Austeridade: um projeto ideológico, não econômico
Como bem alerta José Sócrates, ex-premiê português (saiba mais), a austeridade nunca foi técnica, mas ideológica. Na Europa, ela aprofundou crises, empobreceu populações e ampliou desigualdades. Enquanto os EUA reagiram à crise de 2008 com estímulos e retomaram o crescimento, a Europa insistiu em cortes que reduziram seu PIB à metade do norte-americano. O Brasil repete esse erro: mesmo com resultados positivos, setores poderosos pressionam por contingenciamentos que sufocam serviços públicos – justamente o que garante ao cidadão a percepção de um Estado presente.
O verdadeiro risco: ameaça à democracia
O sucesso econômico atual não apaga o risco iminente. Os adversários da república, derrotados nas urnas em 2022, não desapareceram. Pelo contrário: mantém-se organizados, alimentados por um Congresso hostil e por um Banco Central que prioriza juros altos em vez de investimentos. Em 2026, a disputa não será entre esquerda e direita, mas entre democracia e barbárie. A CSPB entende que a melhor defesa contra esse retrocesso é fortalecer o Estado – não com ajustes fiscais cegos, mas com:
- Mais investimentos em saúde, educação e infraestrutura, com a melhora da merenda escolar por meio do fortalecimento da economia e da agricultura familiar, além de ampliação do quadro de profissionais de saúde para garantir atendimentos mais rápidos e com qualidade;
- Valorização do serviço público através de profissionais qualificados e comprometidos com a sociedade, selecionados através de concurso público e desvinculados a interesses eleitoreiros políticos;
- Rejeição à narrativa de "gasto excessivo" - o que o mercado chama de "despesa" é, na verdade, investimento que proporciona o giro da economia e a melhora, de fato, das condições de vida da população.
O Brasil precisa escolher: crescer ou entregar
Austeridade já provou ser um desastre aonde foi implementada. Se o governo ceder à pressão por cortes, perderá a chance de consolidar seu ciclo virtuoso – e, pior, entregará de bandeja à extrema direita de viés golpista o discurso do "fracasso". A CSPB defende:
- Romper com a austeridade e ampliar investimentos;
- Confrontar o Banco Central, cuja política de juros altos desacelera o crescimento;
- Mobilizar a sociedade para mostrar quem de fato sabota o país: não é o Estado, mas os que lucram com o seu enfraquecimento.
O momento exige coragem. Ou o governo acelera na direção do desenvolvimento social, ou a extrema direita – que não esconde seu projeto autoritário – usará o desgaste artificial para voltar ao poder. Servidores públicos são a linha de frente dessa batalha. É hora de agir.
Confederação dos Servidores Públicos do Brasil - CSPB
Pela democracia, pelo crescimento e contra a austeridade que empobrece o Brasil
Secom/CSPB