Congresso CLAD: Debate histórico sobre negociação coletiva no Setor Público

6/12/2024 | 06:48





A Confederação Latino-Americana e do Caribe de Trabalhadores Estatais - CLATE, juntamente com a Internacional de Serviços Públicos (ISP), a União Internacional de Sindicatos (UIS) e a Associação de Advogados Trabalhistas (ALAL), participaram na quinta-feira, 28 de novembro, de uma mesa redonda sobre negociação coletiva no âmbito do XXIX Congresso Internacional do Centro Latino-Americano para o Desenvolvimento (CLAD), que aconteceu em Brasília entre os dias 26 e 29 de novembro.


Assista à íntegra do painel sobre Negociação Coletiva na Administração Pública:







"Negociação Coletiva na Administração Pública: experiências da América Latina" foi o tema desta importante mesa redonda que contou com a participação do secretário-geral do CLAD,  Conrado Ramos; o presidente da CLATE,  Julio Fuentes; o primeiro vice-presidente do PSI,  Federico Dávila; o presidente da Confederação dos Servidores Públicos do Brasil (CSPB) e primeiro vice-presidente da CLATE,  João Domingos Gomes dos Santos ; o vice-presidente de Solidariedade Internacional da UIS/SP&A e presidente nacional do SINTRAEMSDES da Colômbia,  Humberto Polo Cabrera; e o secretário de Relações Trabalhistas do Ministério de Gestão da Inovação do Brasil,  José Lopez Feijóo. Também aderiu o presidente da Associação de Advogados Trabalhistas da América Latina e do Caribe (ALAL), Matías Cremonte.

 
Da esquerda para a direita: Polo Cabrera, Cabezas, Dávila, Ramos, Fuentes, Gomes dos Santos, Cremonte e Arnoud


O debate foi moderado pela secretária adjunta de Relações do Trabalho do MGI do Brasil,  Patrícia Vieira da Costa, que em sua introdução destacou que “para solucionar as demandas e conflitos que surgem naturalmente nos ambientes de trabalho, é fundamental promover o diálogo permanente e negociação com servidores públicos". Também participaram da atividade o secretário de relações internacionais da CSPB e secretário-geral adjunto da CLATE, Sergio Arnoud, e a secretária-geral adjunta da Associação dos Trabalhadores do Estado da Argentina, ATE, Mercedes Cabezas.

“Agradecemos ao presidente e ao secretário-geral do CLAD a possibilidade de estarmos nesta mesa redonda para debater a negociação colectiva no Sector Público. E lembre-se também que os servidores públicos, organizados há cem anos, conquistaram o direito à negociação coletiva há apenas 40 anos, com a sanção da Convenção 151 da OIT, que nos permite definir as nossas condições de trabalho com base na sanção do Acordos Coletivos", disse Fuentes durante seu discurso.

 
Julio Fuentes durante seu discurso


O presidente da Confederação lembrou ainda que “apresentamos este Relatório em construção, elaborado pela CLATE em conjunto com a Associação dos Advogados Trabalhistas (ALAL), cujo presidente Dr. Matías Cremonte está hoje aqui presente, onde podemos ver o que está acontecendo com a aplicação da Convenção 151 e a implementação ou não da negociação coletiva no Setor Público. E estamos convencidos, porque os factos o mostram, que onde há negociação colectiva, não só melhoram as condições dos trabalhadores, mas também melhora a qualidade dos serviços públicos prestados ao nosso povo.”

E concluiu: “Diante desta crise que aqui surgiu, desta crise dos Estados, desta reclamação dos utentes dos serviços públicos e também dos próprios trabalhadores do Estado, acreditamos que é necessária mais democracia, para democratizar o Estado para que a sociedade se envolve e a defende, mas também que nós, os próprios trabalhadores do Estado, temos o direito de participar na discussão das políticas que executamos. Esta é a proposta dos sindicatos: democratizemos as relações laborais e isso resultará em melhores serviços. E resgatamos esse espaço do CLAD para que todos assumam a questão da negociação coletiva.”

No seu discurso, o presidente do CSPB, João Domingos, descreveu este painel como “um momento histórico” e o início de uma colaboração entre organizações do setor público da América Latina e Caraíbas e a CLAD.

 
João Domingos durante o seu discurso


O dirigente brasileiro destacou ainda que a regulamentação da Convenção 151 da OIT não prospera na região há quase meio século, porque a negociação coletiva “tem sido vista como uma mera exigência corporativa dos servidores públicos e não como uma ferramenta de gestão”. E acrescentou: “Esperamos terminar esta reunião com uma premissa confirmada: a negociação colectiva é de fundamental importância, interesse e necessidade para os trabalhadores do sector, para as entidades públicas e para os governos”.

Por sua vez, Dávila indicou que “precisamos que os governos concedam o direito à negociação colectiva à classe trabalhadora e em particular aos funcionários públicos. E tomo como exemplo o que está a acontecer no Brasil, que ratifica a Convenção 151 da OIT há mais de 20 anos e, no entanto, os trabalhadores estatais não têm o direito de fazer greve ou de aderir a sindicatos e, claro, de negociação colectiva legalmente apoiada. E precisamos de apoio jurídico e político porque é isso que nos permite defender-nos quando há governos antipopulares que promovem os nossos direitos. E é por isso que a PSI está na luta e aprovou um plano de ação nesse sentido.”

 
Federico Dávila foi um dos palestrantes da Mesa Redonda


Por sua vez, Polo Cabrera indicou: “Queremos agradecer ao CLAD por esta possibilidade de dar visibilidade aos trabalhadores, porque em geral nos espaços governamentais ou nas federações empresariais a voz dos trabalhadores não é ouvida. E é fundamental para a democracia e o desenvolvimento que todos sejam ouvidos. E também lhes digo que em nosso último Congresso da UIS declaramos 2024 como o ano para exigir a negociação coletiva em todo o mundo. Porque o que precisamos é pressionar para que estes acordos sejam universais e aplicados em todos os Estados.”

 
Polo Cabrera, representante da UIS


Depois foi a vez do secretário-geral do CLAD. “Quero resgatar duas palavras que foram ditas aqui. Primeiro, a ideia de dar visibilidade aos trabalhadores destas áreas e também a palavra universalização da negociação colectiva no Sector Público. Acredito que à luz do que temos falado sobre os défices da democracia, a desconfiança dos cidadãos é uma realidade e devemos começar pelos trabalhadores se quisermos melhorar a produtividade dos serviços públicos. E o que for necessário para tornar os vínculos trabalhistas transparentes e fortalecer a negociação coletiva, conte com o CLAD, nosso presidente e este secretário-geral”, afirmou Ramos.

 
O secretário-geral do CLAD participou no debate


O secretário de Relações Trabalhistas do Ministério de Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI), José Lopez Feijóo, falou sobre o Grupo de Trabalho criado pelo presidente Lula para a regulamentação da Convenção 151 da OIT. “Nesta área, desenvolvemos em conjunto com as centrais sindicais um projeto para que o direito à negociação coletiva se torne lei para todos os servidores, de forma permanente, não dependendo do governo no poder”. O responsável apelou ao movimento sindical para estar alerta e mobilizar-se para que o Congresso Nacional aprove esta proposta que visa “ estabelecer um sistema permanente de diálogo, negociação e democracia ”.

 
O secretário de Relações Trabalhistas do Ministério de Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI), José Lopez Feijóo


Por fim, Cremonte felicitou o "CLAD por ter possibilitado este espaço para debater este direito que é tão importante para os servidores públicos. Quero também recordar que a OIT manifestou há muitos anos a estreita relação que existe entre a liberdade de associação e os direitos civis e políticos. E tanto é que para um Estado ser considerado verdadeiramente democrático é necessário que nele exista liberdade de associação. Portanto, e com base no relatório que aqui apresentamos, acredito que seria muito importante que o CLAD desempenhasse um papel importante e ajudasse na promoção deste direito na Região.”

 
O presidente da ALAL também se juntou ao debate


Assista à reportagem da CLATE sobre o evento:








Fonte: Confederação Latino-Americana e do Caribe de Trabalhadores Estatais - CLATE
 
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