Assembleia Geral do Conselho de Representantes da CSPB debate conjuntura nacional, internacional e os desafios do sindicalismo

3/12/2024 | 13:16



Renomados especialistas compartilharam valiosas informações que subsidiarão as discussões para a deliberação do plano de ações e lutas para 2025 e o plano estratégico para 2026





Na manhã desta terça-feira (03/12) a Confederação dos Servidores Públicos do Brasil – CSPB concluiu a etapa de palestras da Assembleia Geral do Conselho de Representantes da entidade com discussões e debates sobre conjuntura nacional, internacional, e os desafios e oportunidades para o sindicalismo do setor público. Na oportunidade os palestrantes Tomás de Toledo e Antônio Augusto de Queiroz “Toninho do DIAP”, compartilharam valiosas informações que subsidiarão as discussões para a deliberação do plano de ações e lutas para 2025 e o plano estratégico para 2026. O evento híbrido (presencial e online) foi realizado na capital paulista.

 
Assista abaixo à íntegra das palestras:

 



 
A compreensão profunda das conjunturas políticas e econômicas, tanto no Brasil quanto no cenário internacional, revelou-se fundamental para a tomada de decisões estratégicas no âmbito do sindicalismo do setor público. Os especialistas destacaram a importância de analisar os impactos das políticas governamentais, das crises globais e das transformações tecnológicas sobre as condições de trabalho e os direitos dos servidores.

Tomás de Toledo, em sua palestra, apresentou um panorama detalhado da conjuntura mundial, analisando as principais tendências e desafios que afetam a geopolítica internacional. Já Antônio Augusto de Queiroz “Toninho do DIAP” aprofundou a análise da situação nacional, destacando os desafios enfrentados pelos servidores públicos brasileiros e as oportunidades para fortalecer a luta sindical.





Conjuntura Nacional – Intervenções de Destaque

 
Toninho do Diap, na oportunidade, levantou impactos da intensificação do compartilhamento de conteúdos que não se amparam nos fatos, mas que trouxeram uma sensação de pertencimento a uma parcela da população que se sentia interditada no debate público. Tal fenômeno favoreceu a ascensão da extrema direita no Brasil e no mundo, uma vez que argumentos desconectados da realidade passaram a disputar narrativa com o conhecimento embasado dos fatos, moldando uma realidade alternativa que atua contra uma autêntica compreensão da realidade.

Toninho recordou que nas Eleições Municipais de 2024, emendas parlamentares e a utilização das estruturas municipais e estaduais favoreceram, em grande medida, partidos do Centrão e da direita no espectro político. Ambos atuam em contraponto ideológico com a agenda da classe trabalhadora, tanto no setor público como no setor privado.

“O Arcabouço Fiscal segue como uma ferramenta do mercado para a manutenção das desigualdades e manutenção dos privilégios do capital improdutivo e financista. O governo sofre pressão das elites financeiras em qualquer medida que persiga a justiça fiscal. A pressão no mercado de ações e valorização artificial do dólar é parte da estratégica de chantagem para impor a doutrina do mercado em prejuízo à classe trabalhadora”, informou o especialista.

“Golpistas da política e das forças militares serão penalizados, mas vai demorar mais do que a maioria dos democratas desejaria. Não existe a menor possibilidade de anistia no contexto histórico que vivemos”, afirmou Toninho.

“O fim da obrigatoriedade de contratar servidores públicos pelo Regime Jurídico Único foi o maior prejuízo aos trabalhadores do setor público nos últimos anos. Se a previdência complementar já havia quebrado a solidariedade entre os servidores, a possibilidade de contratações via CLT vai ampliar ainda mais essas desigualdades”, argumentou.

“A campanha contra a escala 6x1 não vai alcançar seu objetivo de regulamentar a escala 4x3. No entanto o caminho do meio, a escala 5X2, deve se tornar padrão geral para o mercado de trabalho”, avalia.

“Golpistas da política e das forças militares serão penalizados, mas vai demorar mais do que a maioria dos democratas desejaria. Não existe a menor possibilidade de anistia no contexto histórico que vivemos”, afirmou Toninho.

“O mercado age por expectativa e o Estado age por comado. O mercado atua em tudo aquilo que a legislação não controla e o Estado só age amparado em Lei. Essa desvantagem conceitual faz com que o Estado, por conta de suas características inerentes, perca espaço para o mercado com o passar dos anos. Não é fácil reverter essa situação”, refletiu o especialista.


Conjuntura Internacional – Intervenções de Destaque
 

“O Partido Democrata preferiu perder a eleição do que contrariar o lobby sionista na guerra de Israel contra a Palestina. Trump se beneficiou dessa postura. A gestão Biden colocou toda sua energia na Guerra da Ucrânia. Neste particular a Rússia já e encontrava cercada de bases da OTAN. A ocupação militar na Ucrânia, que faz fronteira e tem conexões históricas, não seria tolerada pela Rússia e os EUA já sabiam disso”, argumentou Tomás de Toledo.

“Destruição do patrimônio arqueológico, massacres transmitidos ao vivo e utilização de métodos perversos para intimidação, fazem parte da “guerra suja” que vem sendo conduzida e que estimula mais conflitos mudo afora”, afirmou o especialista.

“O orçamento militar é o mecanismo mais eficaz de fomento da economia norte-americana. Daí a postura de disseminar conflitos para vender armamentos às partes adversárias, fornecendo armamentos que serão testados contra países distantes do território estadunidense. Essa estratégia vem sendo conduzida há anos. Por meio da OTAN, os EUA jogaram a Europa em uma guerra que ela será a maior derrotada. Na geopolítica atual a Europa é um player morto”, reforçou Toledo.

“Desde 2006 a Faixa de Gaza estava bloqueada. Interromperam o fornecimento de gás, de água, de energia, e de outros insumos indispensáveis à sustentabilidade daquela população ao longo dos anos. O genocídio do povo palestino faz parte deu uma estratégia para conter o avanço geopolítico da China, criando um bloquei em território estrangeiro estratégico para o avanço comercial chinês”, argumentou.

 “Marco Rúbio, escolhido por Trump para ser seu Secretário de Estado, era a pior pessoa para ocupar este cargo no que se refere aos interesses da América Latina. Não está descartado o risco de retaliações econômica. Importante ter a consciência de que bloqueio econômico é ainda mais cruel e que mata muito mais cidadãos do que uma guerra convencional, a de conflito armado. Mortes por fome viram meros números por não produzir imagens tão impactantes quanto a de corpos mutilados pela guerra armada”, recordou o especialista.

“Atenção associações e organizações sindicais: os russos estão buscando parcerias e dispostos a financiar essas estruturas”, informou Tomás.

“A luta ideológica está na vanguarda das disputas políticas. É preciso que os movimentos sindicais e sociais resgatem a disputa ideológica em benefício do trabalhador, sob pena de a negligência nessa agenda deverá resultar em perda de espaços políticos para seus algozes”, concluiu. 

Ao final das palestras o presidente da CSPB, João Domingos Gomes dos Santos, apresentou as intervenções políticas da CSPB que resultaram no freio a uma série de retrocessos que vinha sendo tocado, sobretudo, por forças políticas tradicionalmente adversárias da classe trabalhadora. “Seguimos dialogando com todos, uma vez que a correlação de forças no Congresso Nacional segue a cada eleição ainda mais desfavorável. Com muito empenho, diálogo e repertório estamos conseguindo criar uma barreira de contenção de danos. Somente com a ampliação da nossa participação nos espaços políticos, sobretudo no poder Legislativo, será possível tocar uma agenda de relevantes avanços”,  reforçou.

Ao longo do dia, os participantes da Assembleia puderam debater e trocar experiências sobre os temas abordados pelos palestrantes, construindo ideias que irão colaborar para a construção de um plano de ação e lutas mais eficaz para os próximos anos.





A Assembleia Geral do Conselho de Representantes continua
 

A CSPB prossegue com debates e deliberações na data de hoje dando continuidade amanhã (04/12), reafirmado seu compromisso institucional em defender os direitos dos servidores públicos e em fortalecer a organização sindical para enfrentar os desafios do presente e do futuro. 

 

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Secom/CSPB 
 
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